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sexta-feira, 14 de setembro de 2012

A fila, a lixeira e o bêbado


Onze horas. De novo chegaria tarde em casa com a tão entediante recepção da esposa. Teria de dar satisfações, como na semana anterior, perderia a cabeça, a ofenderia e, provavelmente, dormiria no sofá da sala com a cabeça latejando. Por que não se livrava logo daquele encosto? Por que não dizia umas verdades na cara daquele demônio? Era isso o que iria fazer assim que chegasse àquela maldita casa. Iria despachá-la, isso. Isso mesmo! Mas e o ônibus?! Estava o esperando havia vinte minutos! Atrás dele a fila crescia. As pessoas o olhavam com um quê de desprezo estampado nos rostos. Qual era o problema?! O que queriam aqueles bastardos imundos?! O homem pensou em perguntar, mas não o fez. O olho esquerdo ainda doía do murro levado no bar e, mesmo sem ele nunca ter confessado, o real motivo por não perguntar era porque queria evitar confusões.
O sabor do cigarro era amargo e combinava com seu atual estado de espírito. Apenas a lixeira ao seu lado parecia não se incomodar com sua presença. A lixeira era a única amiga que possuía e que o queria perto. O cigarro amargava em sua boca.
Foto: all-free-download.com
REPRODUÇÃO
Mas claro que apanharia, não havia como isso não acontecer. Se aquele saco de músculos idiota não tivesse entrado no meio da briga, teria destrinchado o magricelinha abusado.  Eram dois contra um. Dois contra um! Injustiça, muita injustiça. Mas se aquele retardado pensava que aquilo iria ficar assim, estava muito enganado. Não, iria se vingar.
As pessoas continuavam encarando-o e recebiam em troca um olhar selvagem, quase assassino. Outra tragada. Mais alguns minutos e se livraria deles, o ônibus chegaria. Mais uma briga seria desnecessária. Totalmente desnecessária. Só a lixeira tinha uma aparência acolhedora. Só ela parecia entendê-lo.

***

A luz dos faróis crescia no horizonte e, após poucos segundos, já era possível ler as palavras no letreiro do ônibus. Um tempo curto se passou e ele parou ao lado do homem. Um rangido na abertura das portas. O homem, então, jogou o cigarro na calçada, entrou e, por sorte, conseguiu um lugar para se sentar. À medida que o ônibus se deslocava, a lixeira ficava cada vez menor, até que o ônibus fez uma curva e ela desapareceu.   
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